A Costa Rica é um destino bem pouco explorado por brasileiros, especialmente em relação ao mergulho, a fama do lugar se deve a inacreditável e deslumbrante Ilhas Cocos, famosa pelas filmagens de Jurassic Park e por ser um dos points de mergulho no mundo onde a vida marinha além de exuberante é de uma abundância sem limites. Mas, a Costa Rica para os mergulhadores não é só as Ilhas Coco. Nessa viagem que fizemos, podemos confirmar que os mergulhos feitos na região do golfo do Papagaio, fazem jus ao nome do país. A Costa , com o perdão do trocadilho, é muitíssimo Rica. Como a Costa Rica não é um destino muito comum para os Brasileiros, não é fácil encontrar agências que tenham pacotes e que incluam mergulhos, que não seja em Ilhas Coco, um destino fantástico, mas com um preço possível para poucos. Fomos a Costa Rica de maneira totalmente independente, fechando a parte aérea direto com as companhias e toda a parte terrestre ( hotel e mergulhos ) direto com os próprios fornecedores.
Nosso hotel na Costa Rica no Golfo do Papagaio. Hotel Coco Verde
Os mergulhos na Costa Rica acontecem na região do Golfo do Papagaio quase na divisa com a Nicaragua dá inclusive pra você enxergar as montanhas que já ficam no país vizinho e escolhemos um hotel que mais parecia uma casa colonial muito aprazível e que já contava com o dive center dentro do hotel o que facilitaria toda logistica . Para chegar ao golfo do Papagaio foram 4 horas de carro, não pela distância que é menos de 100km. Mas por causa das precárias condições das estradas da Costa Rica. Mas, até isso para o aventureiro torna a viagem mais gostosa por causa do desafio de se dirigir em estradas de terra, hora com asfalto , hora sem. E pra aproveitar o dia, no caminho fizemos uma parada no parque Monteverde para fazermos uma das aventuras turísticas mais tradicionais da Costa Rica que é o canopy tour, que nada mais é que uma tirolesa entre as gigantescas árvores das florestas da Costa Rica. Na continuação do nosso percusso para o golfo do papagaio podemos nos maravilhar com o lindo por sol saindo do parque Monteverde
Mas o grande objetivo dessa nossa viagem para a Costa Rica era poder mergulhar pela primeira vez com uma raia Manta. A famosa raia de mais de 3 metros, seria figura carimbada em uma das ilhas próxima a costa da da Costa Rica. O outro bônus da viagem, seria mergulhar com os Bull Sharks, ou Tiburones Toro.
Entrada do parque Monte Verde onde fizemos o Cannopy Tour
E assim após nos acomodarmos em nosso hotel a programação era descansar da viagem para no dia seguinte estar na frente do dive center. Para este primeiro dia o nosso destino de mergulho eram dois mergulhos que eles chamam de Local Dives. Dois pontos um pouco afastados da costa, dentro do golfo do papagaio. A decepção para esses mergulhos foi tanta, que vou ser sincero que nem me lembro os nomes dos points que fizemos (acho que nem registrei no logbook). A decepção se deu por causa do mergulho ter apresentado uma baixa visibilidade, uma agua onde a temperatura a todo instante oscilava em mais de 3 graus com várias termoclinas e uma vida marinha apenas comum. Ficou combinado que no dia seguinte iriamos trocar as saídas que já estavam combinadas pra outros local dives, para uma ida até as ilhas catalinas, onde era o local com grandes chances de avistarmos a nossa primeira Manta. A viagem até as Ilhas Catalina durou cerca de 1 hora e meia, em um mar super tranquilo. Na chegada a ilha as boas vindas foram excelentes, um grupo de raias oro (nariz de vaca no brasil) estavam nadando na superficie e nossos guias foram super gentis e pararam o barco permitindo que nós fizéssemos uns mergulhos em apneia com o cardume de raias. Só existia nosso grupo no barco ( 3 pessoas, rs rs ) Voces podem conferir isso no video que fizemos logo abaixo.
Então após esse mergulho em apnéia que já foi incrivel, nossa expectativa já estava lá em cima para os mergulhos nas Ilhas Catalina. E nossas expectativas foram totalmente preenchidas. Logo com uns 10 min de mergulho, aparece a primeira Manta. Uma gigante de uns 4 metros que nadou por uns bons minutos ao nosso redor. E além da Manta, o mergulho foi sensacional, pois a vida marinha era exuberante. Grandes cardumes de Xareu, Tubarões galha branca, várias raias cinza e novamente o cardume de raias Oro que enxergamos na superfície. Após dois mergulhos fabulosos, decidimos cancelar as outras saidas que tinhamos marcadas para mais dois dias de local dives e reagendamos mais uma saída para as ilhas Catalinas e outra para as Bat Island ou Islas Murciélagos, onde o encontro com os Bull Sharks eram comuns. Pagamos a diferença de valores que não foi pouca entre a saída do local dive e a saída para as ilhas e fomos ser feliz.
No dia seguinte, fomos para as Islas Murcielágos, ainda mais distante do que as Catalinas, as Murcielágos, na verdade são duas pedras enormes que estão fincadas no meio do mar e não possuem nem faixa de praia. Os nossos guias, perguntavam a todo momento se realmente queríamos fazer os mergulhos nesse ponto para avistarmos os Bull Sharks, a insistência era tanta que fiquei ligeiramente desconfiado, mas como a ignorância é uma benção para os desinformados, seguimos com a nossa ideia de vermos os tubarões Bull Sharks. E assim seguimos. Ao começarmos nosso mergulho, percebemos que havia uma grande corrente e que a visibilidade era de no máximo entre 10 a 15 metros. E a agua tinha uma coloração mais esverdeada indo para o preto a medida que se olhava mais para o fundo. E de repente das sombras, começam a aparecer vários tubarões que circulavam como se viessem observar quem é que estava ali no pedaço deles, eles vinham e iam e um movimento meio circular, até que de repente sumiam e voltavam depois de vários minutos. Enquanto isso, nós não conseguíamos mergulhar além das duas bordas da pedra, por causa da correnteza extremamente forte que impedia que déssemos a volta na pedra. Mas o mergulho tinha muito mais que só os Tubas, a ilha é repleta de cardumes que chegam a fechar a entrada de luz na agua e fazem uma sombra imensa no fundo.
Após o primeiro mergulho durante o intervalo de superfície que foi feito em terra, na costa mais próxima da ilha e com direito a visita de dezenas de Iguanas, nos foi novamente perguntado se não gostaríamos de mudar o ponto do segundo mergulho. E para a surpresa dos nossos guias, nós dissemos claramente que não !!! . Vamos repetir os mergulhos com os Mega Tubas e mais uma vez fiquei com aquela pulga atrás da orelha de porque nossos guias tinham uma certa restrição de mergulhar lá, inclusive com o nosso capitão do barco que não mergulhava impressionado com a nossa coragem de querer mergulhar com os bichanos.
Finalmente alguns meses após voltar da Costa Rica, entendi porque nossos colegas costariquenhos estavam tão apreensivos de mergulhar com os Bull Sharks. Foi apenas assistindo um documentário no canal Discovery, que descobri que a tradução de BullShark, não é tubarão Touro, como se parece em espanhol. No Brasil, chamamos o Bull Shark de CABEÇA CHATA , simplesmente um dos tubarões mais agressivos que tem nos sete mares e o maior responsável pelos ataques que acontecem no litoral de Recife. Mas como Deus protege as crianças e os inocentes, nós provavelmente se soubéssemos que o mergulho seria com tubarões cabeças chatas, não teríamos mergulhado, principalmente porque nesta época, todos nós que estávamos na viagem morávamos em Recife. E sabemos bem do que o Cabeça Chata é capaz.
Mas a Costa Rica é muito mais do que apenas Mergulho. Com um país que preserva mais de 60% do seu território com mata nativa o país é um prato cheio para várias outras atividades de aventura. Além do Surf, existem programações para Rafting, Cannopy Tour (tirolesa entre árvores centenárias), parque estaduais e vulcões que inclusive estavam em atividade quando estivemos lá. Confira abaixo os outros passeios que fizemos na Costa Rica